sexta-feira, 20 de abril de 2012

Basquetebol está no cérebro!

In " Cência hoje   http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=53919&op=all

Um estudo liderado por Ana Maria Abreu, da Faculdade de Motricidade Humana (FMH), Universidade Técnica de Lisboa, acaba de demonstrar que a previsão motora em jogadores profissionais é muito mais complexa do que antes imaginado.

“Descobrimos que os jogadores peritos ‘lêem’ o corpo em movimento, tomam consciência dos seus erros durante o processo de previsão e fazem uso de mecanismos de consciência corporal, enquanto os principiantes não ‘lêem’ o corpo do outro, não reconhecem os seus erros e necessitam de usar estratégias temporalmente mais custosas e menos económicas para processar a informação e obter a mesma resposta correcta”, explica a especialista em neurociências do desporto ao Ciência Hoje.

Neste estudo, a ser publicado na edição de Maio do European Journal of Neuroscience, a cientista portuguesa e equipa usaram uma técnica de imagiologia (Ressonância Magnética funcional) para investigar se áreas específicas do cérebro se activariam de forma diferente, em basquetebolistas peritos e principiantes, durante uma tarefa de previsão motora. Os basquetebolistas peritos e participantes principiantes observaram filmes incompletos de lançamentos livres e indicavam, ao pressionar um botão, se achavam que a bola entraria no cesto ou não. Durante esta tarefa de previsão, foi registada a actividade cerebral dos participantes.

“Uma grande surpresa deste trabalho foi percebermos que tanto atletas profissionais como principiantes que nunca tinham jogado basquetebol respondiam adequadamente à tarefa”, refere Ana Maria Abreu. Ao verem filmes de lançamentos livres, “tanto os profissionais como os principiantes conseguiam prever se a bola entrava ou saía fora. A diferença estava no tempo que demoravam a chegar a esta resposta e nos índices que necessitavam para chegar à mesma”, descreve.

Activações cerebrais durante a previsão perita das consequências de um lançamento livre
Activações cerebrais durante a previsão perita das consequências de um lançamento livre
Com estas conclusões, os cientistas podem compreender melhor as estratégias ocultas usadas pelos peritos e exercitar estas estratégias até à perfeição. Deste modo, o estudo permite “retirar aplicações não só ao nível fundamental da compreensão do funcionamento do cérebro, mas de como nos podemos fazer valer desta informação, por exemplo, para optimizar treinos e processos para que a perícia seja alcançada de uma forma sempre mais eficiente”, refere Ana Maria Abreu. E mais acrescenta: “As aplicações vão muito para além do modelo desportivo, podendo ser generalizadas para todo o tipo de perícia motora”.

Os investigadores da FMH, que colaboraram com o grupo italiano do Social and Cognitive Neuroscience Laboratory, estão agora interessados em perceber como é que o corpo dos peritos ‘se activa’ durante a observação de acções. Para tal, estão a usar a técnica de Estimulação Magnética Transcraniana.

“Temos na gaveta uma série de estudos e pretendemos investigar a activação de peritos e principiantes que observam imagens de acções de outros profissionais com a mesma afiliação ou afiliações diferentes. Queremos passar para um próximo nível de investigação e investigar como conceitos subjectivos como seja a mesma afiliação desportiva podem interferir na ‘ressonância’ motora de um jogador”, avança Ana Maria Abreu. " In " Ciência hoje"

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